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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Não te metas na minha vida!



Recordo-me de uma ocasião em que escutei um jovem gritar para o seu pai:

- Não te metas na minha vida!

Essa frase tocou-me profundamente. No lugar daquele pai, que ficou imóvel, eu tive vontade de responder:

- Filho, um momento, não sou eu que me meto na tua vida, foste tu que te meteste na minha!

Faz muitos anos, graças a Deus e pelo amor que tua mãe e eu sentimos, chegaste às nossas vidas e ocupaste todo nosso tempo. Ainda antes de nasceres, tua mãe sentia-se mal, não conseguia comer, tudo o que comia vomitava e ainda tinha que ficar de repouso. Tive que me dividir entre as tarefas do meu trabalho e as da casa para ajudá-la. Nos últimos meses, antes que chegasses, tua mãe não dormia e não me deixava dormir. Os gastos aumentaram incrivelmente, tanto que grande parte do que ganhava era gasto contigo, para pagar um bom médico que atendesse tua mãe e a ajudasse a ter uma gravidez saudável: em medicamentos, na maternidade, em comprar-te todo um guarda-roupa. Tua mãe não podia ver nada de bebê que não quisesse para ti. Compramos tudo o que podíamos, contanto que tu estivesses bem e tivesse o melhor possível.

Chegou o dia em que nascestes: tivemos que comprar algo para dar de recordação aos que vieram te conhecer. Tivemos que adaptar um quarto para você. Desde a primeira noite não dormimos. A cada três horas, como se fosse um alarme de relógio, despertavamos para te dar de comer. Outras noites, te sentias mal e choravas, sem que nós soubéssemos o que fazer, até chorávamos contigo. Começastes a andar e não sei quando foi que tive que andar atrás de ti, se quando começastes a andar ou quando pensaste que já sabia. Já não podia sentar-me tranqüilo lendo jornal, vendo um filme ou jogo do meu time favorito, por que quando acordavas, te perdia da minha vista e tinha que sair atrás de ti para evitar que te machucasses.

Ainda lembro do primeiro dia de aula, quando tive que telefonar para o serviço e dizer que chegaria atrasado. Já que tu, na porta do colégio, não queria soltar-me a mão e entrar. Chorava e pedias-me que não fosse embora. Tive que entrar contigo na escola e pedir à professora que me deixasse ficar ao teu lado algum tempo na sala para acostumares.

Depois de algumas semanas, já não me pedias que ficasse e até esquecias de se despedir quando saia do carro correndo para te encontrar com os teus amiguinhos. Cada vez sei menos de ti, sei mais pelo que ouço dos outros. Já quase não queres falar comigo, dizes que apenas reclamo e que tudo o que faço é ruim.

Pergunto: como, com esses defeitos todos, pude dar-te o que até agora tens tido? Tua mãe passa noites em claro e, consequentemente, não me deixa dormir dizendo-me que ainda não chegastes, que já é madrugada, que o teu celular está desligado, que já são três horas e não chegas... Até que, por fim, podemos dormir quando te ouvimos entrar em casa.

Já quase não falamos, não me contas as tuas coisas, aborrece-te falar com "velhos que não entendem o mundo de hoje". Agora só me procuras quando tens que pagar algo ou necessita de dinheiro para a universidade ou para se divertir. Ou pior, procuro-te eu, quando tenho que chamar-te atenção. Mas estou seguro que diante destas palavras: “Não te metas na minha vida” podemos responder juntos: filho, não me meto na tua vida, pois foste tu que te meteste na minha. Asseguro-te que desde o primeiro dia até o dia de hoje, não me arrependo que te tenhas metido nela e a tenhas transformado para sempre.

Enquanto for vivo, vou me meter na tua vida, assim como tu te meteste na minha, para ajudar-te, para formar-te, para amar-te e para fazer de ti um homem de bem.

Sugestão da ouvinte Débora Borba

Autor: Desconhecido

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